Aos mergulhados no mundo vermelho

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Sejam bem vindos ao centro da minha alma

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Universo unilateral

É difícil entender o universo onde vive uma pessoa deprimida. Digo isso porque para quem não vive isso a concepção de depressão é a simples tristeza.
Ah quem me dera estar somente triste. Dizem e tem razão, essa chamada e simples tristeza é aquela que passa se você se esforçar, é um mero sentimento humano, fácil definir, fácil explicar. Mas depressão não é isso. Não há definição pra tal coisa. Quem não tem não entende, acha bobeira da pessoa, uma frescura ou idiotice qualquer.
Se você tem depressão com certeza você ouviu ou ouvirá frases como "sai logo dessa cama" ou "se anima logo e pára de frescura" ou ainda pior "você está assim porque quer". Você que sente me entende não é? É desanimador ouvir essas coisas, a gente conta o que sente querendo ajuda e ouve essas coisas. Você pode sentir um pouco de raiva mas logo vai cansar disso, acredite em mim.

O universo de um depressivo é assim, não pode ser visto de fora. É recoberto por uma camada unilateral que só pode ser vista de dentro. Não fique curioso se você não entende, eu tenho muita inveja de não poder ver. Um dia eu vi esse mundo de fora, seus contornos apáticos me pareceram tolos, eu me perguntava porque as pessoas se mantinham ali ao invés de fugirem pra outro lugar mais bonito. Agora eu sei que aquilo nada mais é do que uma gaiola disfarçada, um cativeiro selvagem que tudo devora. Nesse universo em que poucos caminham de pé, a maioria se arrasta ou nem mesmo se move e ninguém tem respostas. Poucos são os capazes de se porem de pé e pouquíssimos são aqueles que conseguem continuar assim.
Não há bobos nesse mundo e nem fracos. Uma pessoa fraca não sobreviveria um só dia nesse nosso universo.

Aqui onde o ar é rarefeito encher os pulmões é um rasgo na alma. O grande problema dos caídos é lutar contra a dificuldade de respirar. A dor nos ossos, as tremedeiras. Nossos bálsamos comprados em farmácias arrancam de nós nossa vontade de viver, de fazer coisas. É como sentar-se de frente para uma janela e ver a vida passar. É rezar e pedir com a alma pra ter forças pra sair daquilo tudo. É estar de joelhos com uma faca na mão... É uma saída que abraças a muitos já que não há portas =/

Não sei se adianta grandes coisas eu escrever tudo isso, cá estou eu uma enjaulada emudecida. Apenas palavras digitadas. Mas se te fizer tentar nos entender já basta.
Eu abro a minha janela do medo nessas postagens, aqui eu desembalo meus sofreres que para os que me cercam parecem tão bobos e tão fáceis de solucionar. Aqui é onde eu digo para mim mesma que, mesmo falando sozinha, alguém vai me escutar.

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