Aos mergulhados no mundo vermelho

Aos mergulhados no mundo vermelho
Sejam bem vindos ao centro da minha alma

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Lição de vida?

Segue o meu curso de longa temporada
Cada dia é uma lição dada
Aprender eu não tenho certeza
Mas as matérias estão sobre a minha mesa

Uma prova por vez
Me disponho a passar
Ganho nota vermelha
Volto a estudar

Que diploma é esse
Que a vida quer me dar
Me apertando e me torcendo
Tentando me esmagar?

Pego o lápis e a caneta
Prova longa e tempo curto
Mente não fixa a matéria
Quase tenho um surto

Outras vezes, menos sorte
Tenho vertigem e me falta o ar
Mais um dia nessa escola sem portas
Mais um dia sem poder escapar

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Suicídio

"A vida é uma droga!"
Quem nunca disse isso atire a primeira pedra.
Acordar e viver cada dia era uma tortura, era uma tortura... Eu não sabia mais, não sabia menos, não sabia nada. Era como um abraço que nunca soltava e em curtos intervalos eu podia sentir aqueles braços me apertando, me espremendo e esmagando mais e mais.
As vezes eu rezava para as coisas não piorarem, só não piorarem. Eu não conseguia pedir pra melhorar, eu não sei se já tinha dado como um castigo aceito, só não piore por favor.
Eu estava com tanto medo e estava sozinha, começava a ver a morte como uma saída bem vinda.
Era peso demais, doía... Eu não quero mais, não aguento mais isso e estava piorando. Como vou aguentar? Como vou aguentar? Como...?

Estava pondo a vida em uma balança... Quanto mais? Quanto até eu desistir?
Talvez fosse só uma questão de tempo. Estou perdida, a vida pesa e como pesa...
Não pode piorar, não pode! Eu não vou aguentar.





Muita gente escolhe essa saída, acho que ela é a única. Se eu não voltar mais a blogar é porque eu acabei entrando por essa porta. Não, ninguém entra por ela, somos puxados, é como um ímã. Você se torce e se segura o quanto pode mas minhas mãos estão esfoladas, o sangue faz escorregar. Meu rastro vermelho deixado não é nem a sombra do meu cansaço, só eu sei.... Não é isso que eu quero mas estou sendo tragada... Não é uma escolha, não é.


Eu não sou mais eu, eu não sou mais nada. Vagueia a minha alma cansada, lambe suas feridas, Leva mais pedradas. Um circulo, Hachiko*. Era o infinito, até meu sangue acabar de escorrer por entre meus dedos...



*Oito em japonês.

sábado, 11 de junho de 2011

Não era pra ser poesia, no entanto... O que sai é o que fica

Meu corpo é um brinquedo
Minha mente é uma criança
Meus pensamentos são travessos
Minha vida é uma dança

São todos fios de uma cabeça
Amontoados no mesmo lugar
Numa puxada eu os arranco
A dor é alivio de incomodar

Soluça e chora a minha criança
Gargalha e ri sem se importar
Dois lados distintos mas tão iguais
Resumi-se tudo num amargo brincar

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Algo que eu ganhei

Lá estava ela diante de mim passando por algo similar ao que eu sentia. Eu não sou de menosprezar o sofrimento de ninguém, ela estava tendo um caso isolado de nervosismo, estava com aquela agonia, aquele aperto na cabeça. Eu sentia uma peninha dela, não desejo que ela sinta o que eu sinto, é um péssimo jeito de se fazer entender. Ali nela estava estampada claramente a imagem que eu tanto odiava ver em mim, toda aquela fragilidade e fraqueza de um ser humano diante de sua mente.

Eu não sei, eu penso coisas. De certa forma sou um ser humano melhor depois dessa doença. Eu aprendi a suportar essas coisas, é preciso bem mais pra me derrubar hoje em dia. Eu aprendi... Eu via ela ali na minha frente se contorcendo, rolando, tão inquieta e eu sentindo a mesma coisa que ela desde que o dia raiou e não estava tão mal.
Eu não estou dizendo que ela é fraca, não é, isso pesa mesmo mas o que eu quero dizer é que com o tempo você ganha forças, amadurece, a situação faz você crescer.

Hoje em dia eu tenho a maturidade de passar por isso de forma mais tranquila, meu corpo se habituou à certas coisas, não é uma dádiva divina mas é algo que me ajuda.

Sabe eu abominei esse transtorno depressivo causado pela SP por dois motivos que eu, simplesmente, não aceitava. Eu olhava pra mim no meio dessas crises, cada vez mais constantes, e minha imagem era fraca, era boba. Isso me era inaceitável!

O choro pra mim sempre foi algo de parecer inútil. Sabe aquela pessoa que não chorava desde a infância? Essa era eu. Um caprixo do destino e eu fui levada escrava para uma terra onde se paga com lágrimas a forçada estadia.

Engraçado, sim eu chorei, a primeira lágrima me desceu muito quente queimou meus olhos, os fez arder. Eu me lembro de toda a agunia, de me achar tão fraca enquanto sentia o gosto salgar a minha boca.  Eu me senti tão boba, tão fraca nesse dia... E hoje eu vejo que uma pessoa fraca não aguenta essas coisas. Talvez não seja fraqueza, é como forjar uma espada derretendo e moldando o ferro quente. É uma fase bem trabalhosa para garantir a força e execução daquele estrumento.

Eu não sou forte, mas eu aprendi uma coisa, hoje sou menos fraca.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Confusa demais

Eu tinha todo um universo na minha cabeça. Pensamentos se esbarravam disputando um lugar nas minhas atenções. Toda uma confusão desordenada causando uma grande angustia, puxando aos poucos minha tomada, me deixando alheia a tudo que se passava.
Era um fechar de olhos mesmo os mantendo abertos. Era uma cegueira que tudo via, mas embassado, misturado. Era um ver sem entender.

Os dias iam e viam e para mim eram sempre os mesmos. Eu suportava a vivência naquele mundo de rotina tão dura.
As coisas eram tantas que se embolavam e se traduziam em nada. Era todo um peso invisível que ninguém via que eu levava.

As vezes eu queria ter apenas alguém que enxergasse a minha dor, assim eu não pareceria tão fraca em levar de joelhos algo que ninguém enxergava.
E mesmo querendo traduzir tudo que sinto em palavras eu vejo que saem turvas e ofuscadas e sei que poucos vão entender meu desespero.
É minha busca solitária por alguém que me entenda, alguém fora de mim que possa ver as minhas amarras, as correntes que me pesam, que deixam meu corpo curvado.

Algo assim parece tão ilusório, sinto que minha mente se torce como a de um louco. A verdade é que já não sei bem separar. Meus momentos de sanidade estão cada vez mais raros. Estou me habituando a minha condição de escrava, as correntes que cortão meus pulsos não me incomodam tanto. É como se já fizessem parte de mim, como um corpo que sofreu mutação.

Ninguém quer parecer louco, a loucura é muito pejorativa mas ela está em mim e seria hipocrisia não admitir que eu, como humana, não posso ceder a ela.
Longo suspriro... Aqui eu me fecho, chega de cuspir meus pedaços nessas páginas. Já me cansei, não quero deixar a ti nauseado com meus embalos de barco em alto mar. Essa é uma postagem que eu queria nunca ter escrito...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meu berço, meu embalo

E finalmente me entreguei nos braços do sono, metamorfei para este ser dormente que lacra seus olhos de dia e de noite. Entre minhas idas e vindas ao mundo dos que vivem me perguntam porque não saio da cama, porque estou dormindo tanto. Tropeço nas palavras, as engulo, não saem. Faço um gesto de cabeça negando qualquer coisa e volto a dormir.

Eu não sinto nada, dormir é tão mais fácil. Não estava suportando mais ficar acordada.
Lá me vou eu engolindo todo comprimido que posso, me jogando no vento e deixando ele me embalar.
Simples saída, quase um suicídio, é um desistir de viver.
Em minha contagem faltam 16 dias para visitar o médico novamente. Vou me deixar ninar por esse tempo, não tenho forças pra essa batalha de espadas afiadas.

Lá vou eu meus amigos pro meu mundo fechado, pro meu berço trancado, pro meu sono pesado.
Aos que se mantem acordados desejo toda sorte e força do mundo para aguentarem esse carma arrastado no qual ja esfolei tanto meus joelhos.

sábado, 4 de junho de 2011

Mais uma estupidez humana

Estamos tendo aquela conversa, ela quer saber o que eu tenho mas eu não sei o que dizer.
É muito inteligente essa ferramenta do Blog de auto salvamento. O que tem isso a ver com a conversa? Não é incrível a facilidade que temos de discorrer sobre qualquer assunto banal e quando precisamos fazer algo como dizer o que se passa conosco não conseguimos. Ser humano é mesmo ser besta sabe --.

Nota de rodapé: 
Engraçado não é?O mesmo ser que inventou a energia elétrica, entendeu a teoria da relatividade, criou o automóvel e várias outras coisas é o mesmo que se orgulha de poder enfiar centenas de canudinhos na boca, de comer o maior número de baratas, de arrotar mais alto. Quanta vanglória inútil não é mesmo? Aff eu queria ter nascido cachorro que age como um ser subdesenvolvido porque é um --.

As coisas que não entendo

Ela me pergunta o tempo todo se estou bem, se eu disser como estou mesmo ela não vai entender.
Eu digo "estou bem, estou bem" como um verso cantado sempre tão repetido, as vezes me pergunto o que ela acha dessa resposta fingida. Eu sei que ela sabe que não estou bem e deve ser por isso que ela pergunta tanto mas ela não entende, ela não pode entender.

Estou tão enjoado, não sei se é náusea da vida ou de doença mesmo. Talvez seja o tempo sem comer, estranho eu não sinto fome. Eu me sinto saciado, como quem comeu demais, um exagero nessa vida. Talvez seja isso, eu não preciso comer mais, estou cheio pela vida que me resta.

Está tão frio, é tudo gelado. Ando sentindo uns arrepios que se repetem sempre na hora de dormir. Sabe quando alguém assopra seu pescoço e você sente aquela coisa levantar seus cabelos do corpo? É isso que eu sinto só que não é um só, um após outro e demora muitos minutos até passar ou eu pego no sono mesmo com ele.

Engraçado como me sinto sozinha e sinto mais vontade ainda de ficar assim. Agora, no presente momento, eu não quero conversar com ninguém além de mim mesma. Minhas irmãs passaram por aqui, me disseram algumas coisas, eu não contribui para a conversa, não consegui me focar nas palavras. Meu humor está péssimo. Minha mãe falou coisas comigo também, não me lembro o que só me lembro de ter pedido um chá para cortar o enjoou. Sim, sim foi somente isso que falei.

Estou bem, enjoada, com frio e achando a solidão engraçada. É um belo ponto interrogativo essa minha cabeça.

Almoçando

A gente é o que a gente pensa. Eu sou de extremos ou penso demais ou não penso em coisa alguma esse segundo é o que eu gosto de chamar de "meu estado alienígena"(eu me porto como um toco oco de árvore).

Hoje eu estava sentada observando meu almoço, eu ando com muito tempo pra observar a comida já que não consigo come-la. A comida anda com um gosto estranho, não é agradável comer e não tenho mesmo vontade de consumi-la mas, enfim eu à estava observando hoje e a carne me fez pensar em muita coisa, o que pode ser somente abobrinhas mas, considere que não estou em um estado muito lúcido.

Podem ser meros pensamentos vegetarianos, eu não sou vegetariana, mas aquele pequeno pedacinho de carne assada me fez pensar em toda a vida daquele ser que estava, agora, morto em meu prato. Aquele ser nasceu, viveu, teve sentimentos, momentos felizes e tristes, deve ter temido a morte também quando chegou sua hora. Sabe a carne bovina precisa ser cultivada por alguns anos até o abate, foi uma vida sacrificada para que eu pudesse rejeita-la ali naquele momento, aquela aparência suculenta e saborosa em mim não despertava o mínimo desejo, isso porque eu não como "comida saudável" há uns três dias(estou vivendo de biscoitos e água, é tudo que consigo comer).
Eu tenho fome mas comer é estranho, não me da prazer, não me dá vontade, comer é... dispensável.

Pois bem, onde eu estava? Discorrendo sobre a carne... Estranho, perdi a vontade.


"Para dar lucro o boi deve ser abatido com 794 dias"



quarta-feira, 1 de junho de 2011

Universo unilateral

É difícil entender o universo onde vive uma pessoa deprimida. Digo isso porque para quem não vive isso a concepção de depressão é a simples tristeza.
Ah quem me dera estar somente triste. Dizem e tem razão, essa chamada e simples tristeza é aquela que passa se você se esforçar, é um mero sentimento humano, fácil definir, fácil explicar. Mas depressão não é isso. Não há definição pra tal coisa. Quem não tem não entende, acha bobeira da pessoa, uma frescura ou idiotice qualquer.
Se você tem depressão com certeza você ouviu ou ouvirá frases como "sai logo dessa cama" ou "se anima logo e pára de frescura" ou ainda pior "você está assim porque quer". Você que sente me entende não é? É desanimador ouvir essas coisas, a gente conta o que sente querendo ajuda e ouve essas coisas. Você pode sentir um pouco de raiva mas logo vai cansar disso, acredite em mim.

O universo de um depressivo é assim, não pode ser visto de fora. É recoberto por uma camada unilateral que só pode ser vista de dentro. Não fique curioso se você não entende, eu tenho muita inveja de não poder ver. Um dia eu vi esse mundo de fora, seus contornos apáticos me pareceram tolos, eu me perguntava porque as pessoas se mantinham ali ao invés de fugirem pra outro lugar mais bonito. Agora eu sei que aquilo nada mais é do que uma gaiola disfarçada, um cativeiro selvagem que tudo devora. Nesse universo em que poucos caminham de pé, a maioria se arrasta ou nem mesmo se move e ninguém tem respostas. Poucos são os capazes de se porem de pé e pouquíssimos são aqueles que conseguem continuar assim.
Não há bobos nesse mundo e nem fracos. Uma pessoa fraca não sobreviveria um só dia nesse nosso universo.

Aqui onde o ar é rarefeito encher os pulmões é um rasgo na alma. O grande problema dos caídos é lutar contra a dificuldade de respirar. A dor nos ossos, as tremedeiras. Nossos bálsamos comprados em farmácias arrancam de nós nossa vontade de viver, de fazer coisas. É como sentar-se de frente para uma janela e ver a vida passar. É rezar e pedir com a alma pra ter forças pra sair daquilo tudo. É estar de joelhos com uma faca na mão... É uma saída que abraças a muitos já que não há portas =/

Não sei se adianta grandes coisas eu escrever tudo isso, cá estou eu uma enjaulada emudecida. Apenas palavras digitadas. Mas se te fizer tentar nos entender já basta.
Eu abro a minha janela do medo nessas postagens, aqui eu desembalo meus sofreres que para os que me cercam parecem tão bobos e tão fáceis de solucionar. Aqui é onde eu digo para mim mesma que, mesmo falando sozinha, alguém vai me escutar.