Aos mergulhados no mundo vermelho

Aos mergulhados no mundo vermelho
Sejam bem vindos ao centro da minha alma

sábado, 30 de julho de 2011

Meu suspiro

Meu buraco, só tenho à ti, meu buraco.
Por mais escuro que seja só essa cor está comigo.
Difícil definir a angústia, difícil é não reconhece-la.
Eu te odeio minha definição amarga, é só tu que não me deixas a sós.

Faz-me um favor, me deixa purgar em ti.
Se todo amargo sair enquanto nado nessa poça ai sim, ai sim eu estarei sarada de ti.

Ah que companhia terrível eu tenho, que abraço sufocante é você e que aperto forte tem seus braços que não me soltam por força nenhuma. E, ai de mim, quem me dera ter força para algo. Eu não tenho nada, nem força, nem fraqueza, nem a solidão de companhia, sou o vassalo desprezado pelo meu senhor.

Por que tudo é tão ruim? Nossa... É muita sacanagem com uma pessoa só.
Eu não quero mais te ver por alguns dias, preciso pensar mais em minha solidão. Solidão... Te tomo como amiga que é só mais uma resignação. Resignar e aceitar, é isso e só.

Ao menos tenho a ti, meu Blog. Páginas e mais páginas de auto desprezo, coisa de quem não tem sequer um amigo a quem falar. Vazio causado por palavras que existiram apenas para mim. Coisas que não ouso liberar a ninguém, coisas que ninguém saberia entender.

Sou apenas eu e você, meu Blog, e você é nada. Você é apenas uma página de papel imaginário, é um diário na minha cabeça que só eu sei que é meu.
Você é lido por alguns estranhos que tem certa afinidade com meus problemas, tão comuns no mundo de hoje. Nenhum amigo meu te lê, nenhum parente, nenhum pai ou mãe.
Nem tudo é como eu quero, as coisas são como elas são... Não me sinto bem aqui.

Eu preciso escrever ou minha cabeça explodirá. É quase literal sim!
Se esbarram, rosnam e se mordem. Pensamentos juntos, animais enjaulados na minha cabeça. Ai de mim quando essa brigar começar pra valer, não devo permitir. Saíam pensamentos, me deixem em paz, me deixem sozinha e quieta, eu só quero descansar de mim :(

Meus pulsos doem, sinto neles um tracejo que me implora pela libertação do liquido da vida.
Uma dor sanando a outra dor, por que não?
Penso...

"O tempo não pára" (Cazuza)


Viver e arrastar minhas correntes.

A vida não pode ser boa

Aquela era a causa de sermos todos consumidos.
Eu tentava mas não conseguia entender por completo.
Todos aqueles sentimentos humanos, tantos erros em um único ser.
Eu  via diante de mim uma enorme estrada com todos os humanos em fila caminhando nela, todos com seus rostos voltados para os próprios pés sem ligar para o chão em que pisavam.
Tomei como uma atitude inocente mas ninguém se virava, todos focados em si, nos próprios passos.


Eu pensava demais, isso me era uma tortura.
Ontem um amigo me disse no msn: "minha vida é uma droga, não tem nada pra fazer, estou entediado". Eu achei a atitude dele tão irritante que tive que falar: "nessa mesma hora que você está morrendo de tédio tem um menino com sua idade num hospital com leucemia sofrendo dores horríveis com o tratamento que o mantém vivo. Ele não pode ir pra casa, não pode nem comer porque sua boca está cheia de feridas. Ele nem sabe até quando vai viver mas ele daria tudo que tem no mundo pra ter somente tédio como você".
Surpreendentemente a resposta dele veio rápida com uma frase que me causou grande desprezo "se eu pensar nos problemas dos outros quem irá resolver os meus?"

Era humano, era tão NÓS que chegou a ser triste. Pessoas se importavam só consigo. Era ridículo que Deus ainda ouvisse nossas orações. Por que Senhor? Eu queria perguntar, porque ouvir os humanos, somos a merda da criação. Em verdade, somos uns egoístas.
A raça sem solução, nossa solução é a morte como a das pragas de plantações. Éramos as pragas da terra.


Me sinto tão velha, tão deslocada no meio dos meus amigos. Eles me parecem tão imaturos, parecem bestas se preocupando com a roupa que vestem ou com um artista de tv, se voltam com o ex namorado ou se compram um celular novo. São decisões tão importantes pra eles e tudo isso parece nada pra mim.

Eu passo meus dias pensando no mundo, em sua fome que não termina. As coisas me assombram. Tenho sonhos horríveis acordada e dormindo. Meus pensamentos vem tão rápidos todos de uma vez, se chocando na minha cabeça, me fazem ter vontade de deitar em minha cama e não levantar mais.

Antes de nascer eu não existia, as vezes me foco em lembrar seja lá o que for que tivesse havido antes do meu nascimento.
Não havia nada. As vezes quero voltar para o nada e as vezes penso que já estou no nada...
Eu olho pro céu, pela janela do banheiro, à noite e fico vendo aquela linha negra no horizonte pela qual despontará o sol no outro dia. Penso por quantas noites mais verei o sol como um carrasco, por quantas vezes mais meus dias seriam um deserto torturante.
Vou me deitar e olho pra minha irmã e não posso evitar a pergunta "até quando ela vai estar comigo ou eu estar com ela?" E tudo na minha vida se sufoca com perguntas tristes, pensamentos e divagações tristes que me dão a mais perfeita certeza de que a vida não pode ser boa...

sábado, 23 de julho de 2011

Só mais um blablablá...

Eu via um corpo caído no asfalto, de bruços, rosto voltado ao chão.
Um sol impiedosamente quente lhe queimava as costas nuas. O sofrimento parecia invisível com aquele estado inerte de mover somente as mãos.
Era o auge do calor, meio dia de castigo. O sol não parecia se importar, tão alheio em suas alturas. Também não havia quem passasse e percebesse o individuo caído ali. Aquela pessoa estava sozinha, fora do socorro de qualquer um.

Fique ali por horas, observando tudo aquilo sem conseguir me aproximar. Mal podia me mover, aquela visão era como hipnotismo para mim.

Me perguntava porque não levantar ou arrastar-se para a sombra. Sera tamanha exaustão?
Virei então meu rosto para  céu e o vi ficando escuro, as estrelas vinham aos milhares num passo apressado invadindo a escuridão, uma brisa gelada chocou-se contra meu corpo quente e me voltei novamente para o corpo na estrada. Ele tremia. Não sei se de frio ou por outra coisa. Decidi considerar que fosse pelo choque térmico causado pelo abrupto e gélido anoitecer.

Notei então movimento, o corpo começou a se virar. A escuridão da noite pouco me deixava ver, apenas sabia que ele estava olhando as estrelas agora. Rosto na penumbra, voltado para cima. Não podia ver nitidamente sua face mas sabia que ele estava olhando para cima. Visão aquela que também me convidava, não, que me enfeitiçava e me atraía.

Era um convite mudo ou uma inveja minha? Era tão alto, tão bonito longe do meu chão.
Pensei em gritar para as estrelas, elas estavam tão longe... Tive inveja delas, tive pena daquele caído ali. Meus olhos marejavam mas as lágrimas não desciam.

A noite era mais longa do que o dia e mesmo assim eu não saberia dizer qual tortura era maior, se o escaldo do sol ou o frio arrastado da escuridão. Ambos me traziam grande sentimento de inveja, sim, verdadeira inveja. Inveja do sol, tão alto e forte, inveja das estrelas tão fora dali. Todos habitavam fora do meu mundo, essa era a minha maior inveja: estar fora dali.

Suspirei profundamente e o ar entrou ferindo meus pulmões com sua baixa temperatura. Eu o aperei dentro do peito, o impedi de sair. Meu desejo era não mais respirar aquilo ali. E perdida eu olhei em volta e a unica coisa que via era uma estrada vazia. Não havia mais corpo, não havia nada. E no céu inaudível existiam as estrelas. Eu existia tão inaudível quanto elas. Existia e não vivia. O ar preso em meus pulmões rompeu minha garganta num triste soluço. Um soluço de choro que não ia sair.

Eu deitei na estrada, senti o sol vir nascendo lentamente esquentando minhas costas. Me deixei ficar ali só sentindo seu calor me castigar. EXISTO por mais um dia.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"Blogagem mais feliz"

Faz tempo que eu não escrevo nada, passei uns dias bem difíceis, pensei em me matar... É bobo para mim pensar nisso agora, mas eu realmente pensei nessa possibilidade. 

Considero essa a minha "blogagem mais feliz". 
Não, eu não estou bem. Estou normal. Depois de tanto sacolejo eu me contento em parar fixa no lugar. 
Sabe quando você tem uma dor, qualquer dor, de dente, de ouvido, cólica renal, intestinal, qualquer uma sabe? Ela persiste por muitos dias e você passa a ter saudade da sua saúde, saudade de não sentir dor. Eu tive tanto dessa saudade, minha cabeça doía mas de uma forma atormentadora. Que dias eu vivi, que dias... Só eu sei o aperto que passei. 

Hoje a minha "dor de dente" ficou fraquinha, hoje eu estou me lembrando um pouquinho de como é não sentir dor. 

Eu me sinto feliz. Eu me considero feliz. Estou realmente contente e isso pra mim é ótimo. 
Eu sei que amanha tudo pode mudar e eu posso acordar péssima de novo, ou até mesmo hoje, em uma hora ou 30 minutos pode ser aberta novamente aquela janela e todo o horror vai entrar em vento na minha vida e causar mais estragos mas enquanto ela se fecha eu simplesmente comemoro a minha rara e pequena paz.