Era apenas uma pequena caixa de vidro sobre a mesa do meu escritório.

Nada antes tinha me feito escrever, nem minha recuperação ou meu emprego novo, toda a superação e alcançar tudo aquilo que eu queria. Nem mesmo o medo pelo meu melhor amigo ter ido viajar sem a certeza de que vai voltar. Nada me inspirou tanto quanto essa pequena caixinha a qual eu pegava e revirava nos dedos sem ver nada do lado de fora e nada do lado de dentro. Apenas sua transparência e seu vazio.

Era uma caixa preenchida de vazio.

Não havia nada ruim ali dentro mas também não havia nada de bom.

Se houve algo ali dentro alguma vez eu não tive conhecimento mas seus contornos tão perfeitamente fabricados e sua beleza de grande fascínio me sugeriam que ali um dia foi guardado algo bem valioso.

Porém o vidro facilmente se quebra, por que guardar algo valioso dentro de um objeto tão pequeno e frágil?

Nada por dentro e nada por fora, nada que eu me lembre que tenha vivenciado.

Como se eu fosse aquela pequena caixa tão cheia de vazio que era cheia de algo muito especial e valoroso mas agora eu sou só um objeto transparente que destoa sobre a mesa ao lado de muito papel, muita caneta, calculadores, telefones, objetos comuns como o que eu sou nesse lugar.

Eu notei a caixa mas não há quem possa me notar.