Aos mergulhados no mundo vermelho

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Sejam bem vindos ao centro da minha alma

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O cara na grade

A vida termina exatamente onde a vida começa.
Entendeu?
Por que tanta gente se mata?
Uns se matam com a morte e outros se matam na vida.
É um suicídio perpétuo.

Eu não quero falar de mim, quero falar daquele cara de olhar vago encostado na grade do pátio de hospital que fumava um cigarro atras do outro não se importando com nada, não pensando em ninguém.
Talvez tentando soprar seus "demônios" junto daquela fumaça toda.
Ou será que ele pensava? Pensava no que se perdeu, no que se ganhou, na vida que tem ou na vida que teve, ou mesmo nos dois em paralelo. Será?

Você mesmo que está lendo agora, olhe para fora de sua janela, fixe seu olhar em alguém do lado de fora, estude essa pessoa. Pensou no que tem na cabeça e no coração dela? Se ela tem medos, sonhos, esperanças ou desesperanças. O que será que tem lá? Será o mesmo que você tem ai?

Cada pessoa é diferente e única e nós passamos pela vida apenas reparando o "EU mesmo". Não é estranho?

E se pudéssemos ir além do "EU"?
O que veríamos? Esse senhor encostado na grade, acho que ele viu além do "EU" tantas vezes que não consegue olhar mais nada. A vida dele parece não existir. E ali, o observando de longe pareceu-me ser a única a notar sua presença magruça de encontro àquele ferro frio.

Também ele não me notou. Com seu aspecto cansado, de corpo e mais de alma, permaneceu ali, cigarro após cigarro deixando que a fumaça levasse seus minutos de vida com o vento e, quem sabe, levasse também sua percepção de tudo aquilo que sabiam os seus olhos.

Chegou minha vez de entrar para a consulta, eu quis fotografá-lo para que vocês pudessem NOTÁ-LO mas tudo que veriam se resume nessa imagem achada aleatoriamente na internet:


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